Sumário
O Oriente Médio é uma região estratégica em termos econômicos e geopolíticos, visto que conecta a Ásia, a Europa e a África. Além disso, nesse território estão localizadas as maiores jazidas de petróleo do mundo, que enriqueceram monarcas e xeques e transformaram áreas desérticas em cidades com centros de alto luxo.
A região é composta de 15 países que ocupa uma área de 6,8 milhões de km², na qual se concentra uma população de aproximadamente 350 milhões de habitantes, a maioria árabes da religião muçulmana. Israel, cuja população é predominantemente judaica, é uma exceção.
No Oriente Médio existem tensões e conflitos, como entre israelitas (judeus) e árabes (muçulmanos). A posse das jazidas de petróleo e o controle do seu fluxo também motivam enfrentamentos entre os países.

Aspectos Físicos
Grande parte do relevo do Oriente Médio é constituída de planaltos circundados por montanhas. As planícies estão situadas, em geral, entre o litoral e os conjuntos montanhosos. No interior da região, entre os rios Tigre e Eufrates, localiza-se a planície da Mesopotâmia, de grande valor histórico-cultural.
Em virtude do predomínio dos climas desértico e semiárido, os desertos marcam presença na maioria das paisagens. A grande amplitude térmica é característica da região, o que levou a população a se concentrar em cidades como Damasco, na Síria, e Riad, na Arábia Saudita. Nessas localidades, há presença de oásis.
O Oriente Médio é a região que enfrenta o maior estresse hídrico do planeta. Com o aumento do consumo e a expansão das áreas irrigadas, a ONU prevê para os próximos anos problemas como o agravamento da contaminação dos aquíferos, o desperdício e o surgimento de disputadas pelo uso da água em zonas fronteiriças.
Petróleo
A região concentra as maiores reservas petrolíferas do mundo e é a principal exportadora do produto. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) reúne Estados responsáveis pela extração e refino do produto, exercendo grande influência sobre a oferta e o preço do petróleo no mercado internacional.
As alianças e as mudanças envolvendo os países do Oriente Médio são acompanhadas de perto pelas potências mundiais, uma vez que alterações políticas nessa região podem ter reflexos globais.

A riqueza do petróleo
Desde o final do século XX, alguns dos maiores produtores de petróleo do Oriente Médio passaram a diversificar a economia de seus territórios, investindo volumosos recursos no desenvolvimento do setor de serviços, em especial o turismo de luxo. Dubai e Abu Dhabi, ambas localizadas nos Emirados Árabes Unidos, foram as primeiras cidades a chamar a atenção pelos seus modernos conjuntos de edifícios.
Posteriormente, Omã, Catar, Kuwait, Barein e Arábia Saudita buscaram seguir o modelo dos Emirados Árabes Unidos, modernizando seus centros urbanos.
Projetadas principalmente por arquitetos europeus e estadunidenses, as novas construções foram concebidas para abrigar hotéis e condomínios extremamente luxuosos, shopping centers com as principais lojas de grife do mundo ocidental e escritórios de empresas transnacionais, além de museus e parques temáticos.
As mudanças trazidas pelo recente processo de modernização acarretaram certa ocidentalização das populações locais. A língua inglesa, por exemplo, passou a ser utilizada por grande parte dos habitantes na comunicação com turistas estrangeiros e no consumo de grifes estadunidenses, francesas e inglesas que se disseminaram no mercado.
Além disso, o crescimento da indústria da construção civil transformou a região em polo de atração de empregos, motivando a vinda de trabalhadores não só da Ásia, mas também do continente africano.
No entanto, existem denúncias feitas por jornalistas e ONGs internacionais de que a maior parte das suntuosas construções são erguidas com base na exploração irregular da mão de obra imigrante, composta majoritariamente de operários provenientes da Índia, do Paquistão, de Bangladesh, do Nepal, do Irã, das Filipinas e, em menor quantidade, da China e da Etiópia.

Os Conflitos no Oriente Médio
O Oriente Médio é marcado por grandes conflitos geopolíticos, como a disputa entre Israel e Palestina, em que judeus e árabes consideram ter direitos históricos.
Desde o começo do século XX, o movimento sionista passou a demonstrar sua pretensão em construir um Estado judeu em Israel, terra de onde os judeus foram expulsos pelos romanos no ano 70 d.C.
O drama dos sobreviventes do holocausto nazista motivou a comunidade internacional a dividir o então protetorado britânico da Palestina em dois Estados: um para os judeus e outro para os árabes, que haviam ocupado a região no século VII.
A questão palestina
O conflito na Palestina teve origem com a criação do Estado de Israel, em 1948, e a não criação de um Estado árabe na região, como previa o plano de partilha da ONU em 1947. Com a criação do novo Estado de Israel, grande parte dos palestinos que ali viviam se refugiou na Faixa de Gaza, na Jordânia, na Síria, no Líbano, no Iraque e no Egito.
A proposta de criação do Estado de Israel foi aceita pela Assembleia Geral da ONU, mas rejeitada pelos árabes palestinos e por países próximos, como Egito, Síria, Iraque, Líbano e Jordânia. A partir de 1948, os conflitos se multiplicaram.
As sucessivas derrotas árabes na Guerra da Partilha, na Guerra dos Seis Dias e na Guerra do Yom Kippur consolidaram territorialmente Israel e dificultaram a criação do Estado Palestino. Veja, na próxima página, como foi o plano de partilha inicial da ONU e a situação mais recente na região.
Conflitos entre Israel e Países Vizinhos (1947-1973)
Guerras contra os Estado de Israel | Opositores | Resultado |
Guerra da Partilha – 1947 a 1948 | Egito, Síria, Iraque Jordânia e Líbano. | Israel vence e avança sobre territórios que seriam destinados ao Estado Palestino. Egito e Jordânia também se apropriam de áreas palestinas. |
Guerra dos Seis Dias – 1967 | Egito, Jordânia e Síria | Israel ataca os três países e amplia seus territórios para a península do Sinai, Faixa de Gaza (Egito), Cisjordânia (Jordânia) e Colina de Golan (Síria). A península do Sinai é devolvida ao Egito em 1979 (com o Acordo de Camp David, intermediado pelos Estados Unidos). |
Guerra do Yom Kippur – 1973 | Egito e Síria | Países árabes reivindicam os territórios perdidos desde 1967. Israel recusa a devolução e á atacado no dia do feriado judaico do Yom Kippur (Dia do Perdão). O país contra-ataca e sai vitorioso, mantendo sua extensão territorial. |
Fonte: OLIC, Nelson Bacic; CANEPA, Beatriz. Oriente Médio: uma região de conflitos. São Paulo: Moderna, 2021.
O difícil processo de paz
Ao longo dos anos, houve momentos de muita tensão entre árabes e judeus na região, e a radicalização de setores de ambos os lados dificultou ainda mais qualquer possibilidade de paz.
A permanência de assentamentos israelenses em áreas da Cisjordânia, território ocupado por Israel em 1967, dificulta as negociações de paz. Por outro lado, grupos palestinos não reconhecem a existência do Estado de Israel e pregam sua destruição com o uso da força.
O primeiro processo de paz, iniciado em Madri, em 1991, foi abortado com o assassinato, em 1995, do primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, por um extremista judeu. Nos anos posteriores, radicalizou-se a violência entre as duas partes.
Tempos depois, líderes de Israel e da Palestina voltaram às negociações de paz, com a intermediação dos Estados Unidos. Porém, ainda há muitos obstáculos para a paz: a determinação dos limites para Israel, a criação de um Estado Palestino e a garantia de segurança para ambos.
Em setembro de 2011, Mahmoud Abbas, presidente da Autoridade Palestina, foi a Nova York entregar o pedido formal de adesão do Estado Palestino à ONU. Em 2012, a Assembleia Geral das Nações Unidas reconheceu a Palestina como Estado observador.
Na votação, 138 membros foram favoráveis à proposta, nove foram contra (Israel, Estados Unidos, Canadá, República Tcheca, Panamá, Palau, Ilhas Marshall, Micronésia, Nauru) e 41 se abstiveram.
A partir da mudança de estatuto de “entidade observadora” para “Estado observador”, a Palestina (Cisjordânia e Faixa de Gaza) passou a ter permissão de solicitar ingresso nas agências e órgãos ligados à ONU, incluindo o Tribunal Penal Internacional. O Brasil reconhece oficialmente a Palestina desde 2010.

Os conflitos e o petróleo
Além dos conflitos na Palestina, há outro aspecto a considerar com relação ao Oriente Médio. Cerca de 47% das reservas mundiais de petróleo estão nessa região, principalmente na Arábia Saudita, no Irã, no Iraque, nos Emirados Árabes Unidos e no Kuwait.
Essa riqueza atraiu potências como França, Inglaterra, Estados Unidos e Rússia, que, com a intenção de explorar as jazidas, interferiram na política da região, gerando também conflitos. Vejamos um pouco a cronologia desses conflitos:
Cronologia dos conflitos no Oriente Médio
1947-1948: Guerra entre árabes e judeus motivada pela criação do Estado de Israel
1956: Guerra entre árabes e judeus pela posse do Canal de Suez, no Egito
1967: Guerra dos Seis Dias, entre árabes e judeus
1973: Guerra do Yom Kippur (Dia do Perdão), entre árabes e judeus
1980-1988: Guerra Irã-Iraque
1990-1991: Guerra do Golfo, Iraque-Kuwait
2001: Início da invasão dos Estados Unidos ao Afeganistão
2003-2010: Invasão dos Estados Unidos no Iraque
2010: Primavera Árabe
2011: Início da guerra civil na Síria
A Primavera Árabe e a guerra civil na Síria
Em dezembro de 2010, uma série de manifestações e protestos contra os regimes autoritários que controlavam a vida política de alguns países árabes do Oriente Médio e do Norte da África tomou conta das ruas. A internet e as redes sociais tiveram importante papel nesse conjunto de manifestações que ficou conhecido como Primavera Árabe.
Essas revoltadas populares tiveram início na Tunísia, país africano, e derrubaram o governo do ditador Zine El Abidine Ben ali, em 2011. No Oriente Médio, países como Barein, Jordânia, Síria, Omã, Iêmen, Arábia Saudita, Kuwait e Síria também viveram ondas de protestos por mais democracia.
Os manifestantes na Síria sofreram sucessivos sufocos do governo Bashar al-Assad, o que levou a morte de ativistas contra o governo.
A violência no país cresceu, e logo os grupos antigoverno começaram a pegar em armas para expulsar forças oficiais instaladas pelo país. Em 2012, os enfrentamentos já estavam na capital, Damasco, e em Aleppo, maior cidade da Síria, conflito que ainda perduraram no ano de 2018.

Recursos Lúdicos
Referências
Araribá Mais Geografia. Dellore, Cesar Brumini. 1. ed. – São Paulo: Moderna, 2018.
Habilidades da BNCC
(EF09GE02) Analisar a atuação das corporações internacionais e das organizações econômicas mundiais na vida da população em relação ao consumo, à cultura e à mobilidade.
(EF09GE04) Relacionar diferenças de paisagens aos modos de viver de diferentes povos na Europa, Ásia e Oceania, valorizando identidades e interculturalidades regionais.
(EF09GE06) Associar o critério de divisão do mundo em Ocidente e Oriente com o Sistema Colonial implantado pelas potências europeias.
(EF09GE09) Analisar características de países e grupos de países europeus, asiáticos e da Oceania em seus aspectos populacionais, urbanos, políticos e econômicos, e discutir suas desigualdades sociais e econômicas e pressões sobre seus ambientes físico-naturais.
(EF09GE14) Elaborar e interpretar gráficos de barras e de setores, mapas temáticos e esquemáticos (croquis) e anamorfoses geográficas para analisar, sintetizar e apresentar dados e informações sobre diversidade, diferenças e desigualdades sociopolíticas e geopolíticas mundiais.
(EF09GE15) Comparar e classificar diferentes regiões do mundo com base em informações populacionais, econômicas e socioambientais representadas em mapas temáticos e com diferentes projeções cartográficas.
(EF09GE16) Identificar e comparar diferentes domínios morfoclimáticos da Europa, da Ásia e da Oceania.
(EF09GE17) Explicar as características físico-naturais e a forma de ocupação e usos da terra em diferentes regiões da Europa, da Ásia e da Oceania.
(EF09GE18) Identificar e analisar as cadeias industriais e de inovação e as consequências dos usos de recursos naturais e das diferentes fontes de energia (tais como termoelétrica, hidrelétrica, eólica e nuclear) em diferentes países.