Sumário
Por Adriane Alvarenga da Rocha Pombo
O economista austríaco Joseph A. Schumpeter, no livro “Capitalismo, socialismo e democracia”, publicado em 1942 associa o empreendedor ao desenvolvimento econômico.
Segundo ele, o sistema capitalista tem como característica inerente, uma força que ele denomina de processo de destruição criativa, fundamentando-se no princípio que reside no desenvolvimento de novos produtos, novos métodos de produção e novos mercados; em síntese, trata-se de destruir o velho para se criar o novo.
Pela definição de Schumpeter, o agente básico desse processo de destruição criativa está na figura do que ele denominou de empreendedor.
Numa visão mais simplista, podemos entender como empreendedor aquele que inicia algo novo, que vê o que ninguém vê, enfim, aquele que realiza antes, aquele que sai da área do sonho, do desejo, e parte para a ação. “Um empreendedor é uma pessoa que imagina, desenvolve e realiza visões” Filion.
Ser empreendedor significa, acima de tudo, ser um realizador que produz novas idéias através da congruência entre criatividade e imaginação. Seguindo este raciocínio; a professora Maria Inês Felippe defende a ideia de que o empreendedor, em geral, é motivado pela auto-realização e pelo desejo de assumir responsabilidades e ser independente. Considera irresistíveis os novos empreendimentos e propõe sempre ideias criativas, seguidas de ação. A auto-avaliação, a autocrítica e o controle do comportamento são características do empreendedor que busca o autodesenvolvimento. Para se tornar um empreendedor de sucesso, é preciso reunir imaginação, determinação, habilidade de organizar, liderar pessoas e de conhecer tecnicamente etapas e processos.
Maria Inês define empreendedor como sendo: “aquele capaz de deixar os integrantes da empresa surpreendidos, sempre pronto para trazer e gerir novas ideias, produtos, ou mudar tudo o que já existe. É um otimista que vive no futuro, transformando crises em oportunidades e exercendo influência nas pessoas para guiá-las em direção às suas ideias. É aquele que cria algo novo ou inova o que já existe e está sempre pesquisando. É o que busca novos negócios e oportunidades com a preocupação na melhoria dos produtos e serviços. Suas ações baseiam-se nas necessidades do mercado.”
A pessoa nasce empreendedora?
Segundo Fernando Dolabela, consultor de importantes instituições em todo o Brasil e também reconhecido por ser um especialista em empreendedorismo, a tese de que o empreendedor é fruto de herança genética não encontra mais seguidores nos meios científicos.
Na verdade ninguém nasce empreendedor. O contato com família, escola, amigos, trabalho, sociedade vai favorecendo o desenvolvimento de alguns talentos e características de personalidade e bloqueando ou enfraquecendo outros. Isso acontece ao longo da vida, muitas vezes ao acaso, pelas diversas circunstâncias enfrentadas.
O empreendedor é um ser social, e assim sendo é fruto da relação constante entre os talentos e características individuais e o meio em que vive.
A professora Maria Inês Felippe explicita muito bem este enunciado quando diz que: “a profissão empreendedor não é fruto do nascimento ou de herança genética, mas resultado de trabalho, talento e reserva econômica. É própria de uma sociedade capitalista liberal e de sua ideologia de sucesso individual.”
O que leva alguém a ter o próprio negócio?
Em geral, as pessoas que sonham em ter o seu próprio negócio são movidas pela ambição de ganhar muito dinheiro e ser independentes. A simples ideia de estarem subordinadas a alguém as apavora.
Algumas pessoas são levadas a abrir o seu próprio negócio por motivos que, muitas vezes, são alheios às suas vontades. Tais situações abrangem exemplos de profissionais que saíram de grandes organizações com recursos econômicos significativos e que resolveram montar o seu próprio negócio; aqueles que deixaram seus empregos para se tornarem empresários e aqueles que, sem a maior pretensão, herdaram algum negócio da família.
Na realidade, ser o próprio patrão implica estar exposto a constantes mudanças, assumir responsabilidades e sofrer pressões da sociedade, dos órgãos governamentais e dos empregados. A dedicação ao trabalho aumenta significativamente: muitas vezes trabalha-se mais de 8 horas por dia, sem um salário fixo, garantido no final do mês, e sem férias integrais.
Ser um grande executivo de uma empresa não significa ser um grande empresário.
Vera Pati elenca algumas características que formam o perfil do empreendedor de sucesso:
- é motivado pelo desejo de realizar;
- corre riscos viáveis, possíveis;
- tem capacidade de análise;
- precisa de liberdade para agir e para definir suas metas e os caminhos para atingi-las;
- sabe onde quer chegar;
- confia em si mesmo;
- não depende dos outros para agir; porém, sabe agir em conjunto;
- é tenaz, firme e resistente ao enfrentar dificuldades;
- é otimista, sem perder o contato com a realidade;
- é flexível sempre que preciso;
- administra suas necessidades e frustrações, sem por elas se deixar dominar;
- é corajoso; porém, não é temerário;
- sabe postergar a satisfação de suas necessidades;
- mantém a automotivação, mesmo em situações difíceis;
- aceita e aprende com seus erros e com os erros dos outros;
- é capaz de recomeçar, se necessário;
- mantém a autoestima, mesmo em situações de fracasso;
- tem facilidade e habilidade para as relações interpessoais;
- é capaz de exercer liderança, de motivar e de orientar outras pessoas com relação ao trabalho;
- é criativo na solução de problemas;
- é capaz de delegar;
- é capaz de dirigir sua agressividade para a conquista de metas, a solução de problemas e o enfrentamento de dificuldades;
- usa a própria intuição e a de outras pessoas para escolher os melhores caminhos, corrigir a sua atuação, descobrir lacunas a serem preenchidas no mercado, avaliar a tendência e a variação dos negócios, e para escolher pessoas, sejam elas sócios, fornecedores ou empregados;
- procura sempre qualidade;
- acredita no trabalho com participação e contribuição social;
- tem prazer em realizar o trabalho e em observar o seu próprio crescimento empresarial;
- é capaz de administrar bem o tempo;
- não busca, exclusivamente, posição ou reconhecimento social;
- é independente, seguro e confiante na execução de sua atividade profissional;
- é capaz de desenvolver os recursos de que necessita e de conseguir as informações de que precisa;
- tem desejo de poder, consciente ou inconscientemente.
O empreendedor bem-sucedido é uma pessoa com características de personalidade e talento que preenchem um padrão determinado, o que o leva a agir de tal forma que alcança o sucesso, realiza os seus sonhos e atinge os seus objetivos.
Bibliografia:
1- CHAGAS, Fernando Celso Dolabela. O Segredo de Luísa. São Paulo: Cultura Editores Associados, 1999.
2- DEGEN, Ronald Jean. O empreendedor: fundamentos da iniciativa empresarial. São Paulo: Ed. McGraw-Hill, 1989.
3- FELIPPE, Maria Inês. Empreendedorismo: buscando o sucesso empresarial. Sala do Empresário, São Paulo,1996,v.4,n.16, p10-12 (suplemento).
4- PEREIRA, Heitor José. Criando o seu próprio negócio: como desenvolver o potencial empreendedor. Brasília: Ed. Sebrae, 1995.
Elaborado por: Adriane Alvarenga da Rocha Pombo (Balcão Sebrae-DF)
Portal do Empreendedor — Empresas & Negócios (www.gov.br)
A Antiga E Nova Rota Da Seda De US$ 1 Trilhão – Portal Geographia