Sumário
Antecedentes históricos
Desde épocas remotas, as terras que hoje correspondem a Israel, Cisjordânia e Faixa de Gaza eram ocupadas por árabes e hebreus.
Ao longo da história, essas terras foram invadidas por vários povos – babilônios, assírios, persas, gregos, romanos e otomanos. Uma das invasões de Jerusalém, em 586 a.C., por Nabucodonosor imperador da Babilônia, provocou a primeira diáspora judaica. Em 70 d.C., com a cidade sob o domínio romano, ocorreu a segunda diáspora. Após outras invasões e alternância de poder, a região passou a fazer parte do Império Otomano, em um período que se prolongou até 1917.
Durante a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), os britânicos ocuparam a região para combater os otomanos, aliados da Alemanha. Nessa tarefa, foram ajudados pelos árabes locais. Terminadas a guerra e a dominação otomana, a Sociedade das Nações (conhecida também com o nome de Liga das Nações), em 1922, delegou à Grã-Bretanha um mandato sobre a região, que, desde os tempos bíblicos, seria a Palestina para os árabes e Canaã para os judeus.
A partir de 1986, a publicação do livro O Estado judeu, do jornalista Theodor Herzl, que vivia na Áustria, reacendeu nesse povo o desejo de recriar um Estado próprio para colocar fim à sua dispersão no mundo e às perseguições. Os judeus desejavam voltar para sua antiga origem, Canaã. Com esse livro, nasceu um movimento que ficou conhecido pelo nome de sionismo (de Sion, nome de uma colina de Jerusalém onde há dois mil ano se desenvolveram os reinos israelitas), que tinha como objetivo recriar o Estado judeu.
A partir daí, iniciou-se um fluxo migratório de judeus para a região, principalmente da Europa Central e Oriental, onde o antissemitismo era mais intenso. Com dinheiro coletado entre a comunidade judaica espalhada pelo mundo, terras ocupadas por árabes passaram a ser compradas, e nelas fora estabelecidas colônias agrícolas judaicas (kibutzim, plural de kibutz).
O crescimento dos kibutzim provocou reações de descontentamento dos árabes-palestinos, que constituíam a maioria da população da região. Calcula-se que, no início do século XX, viviam nessa área cerca de 500 mil árabes e 50 mil judeus; com a imigração, estima-se que, em 1930, os judeus somavam 300 mil e, em 1947, cerca de 480 mil.
À medida que o fluxos migratórios para a região aumentavam, cresciam os conflitos entre os dois povos. Os árabes-palestinos sentiram-se ameaçados nos seus direitos sobre a terra. Em 1936, os britânicos, ao perceber que os conflitos poderiam se ampliar, elaboraram um plano de divisão da região em dois Estados, um árabe e outro judeu. A proposta foi rechaçada pelos árabes.
A Grã-Bretanha, que tinha grandes interesses no petróleo do mundo árabe, acabou não insistindo na proposta. Assim, diante da resistência árabe e do pouco empenho da Grã-Bretanha da criação do Estado judeu, o movimento sionista se acirrou, com a organização de grupos armados dispostos a combater a resistência árabe e britânica, o que levou aos primeiros atentados na região.
A criação do Estado de Israel
Com o fim da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e o massacre do povo judeu provocado pelo regime nazista alemão, a causa da criação do Estado judeu ganhou simpatizantes em todo o mundo. Assim, diante da frequência dos ataques armados das organizações sionistas contra os britânicos na Palestina, a Grã-Bretanha levou a questão da criação do Estado de Israel à ONU.
No dia 29 de novembro de 1947, a ONU aprovou um plano de divisão da região pelo que se criava o Estado de Israel, com 14 mil km², e o Estado Palestino, com 11,5 mil km² de terras descontínuas, estendendo-se pela faixa de Gaza e pela Cisjordânia (observe o mapa).
A cidade de Jerusalém, em razão do seu significado histórico e religioso para judeus, muçulmanos e cristãos, ficaria sob o controle da ONU, constituindo, assim, uma zona internacional. Em 14 de maio de 1948, o líder israelense David Ben-Gurion proclamou o Estado de Israel.
A Liga Árabe, fundada em 1945 pelos países árabes, incluindo os palestinos, com o objetivo de fortalecer a unidade e a cooperação entre os países-membros, não aceitou a partilha da ONU nem a criação do Estado de Israel.
Tais acontecimentos acirraram os conflitos, inaugurando um novo capítulo de impasses, guerras, ocupações territoriais, atentados e animosidade entre árabes e israelenses, que, transcorridos quase 80 anos, ainda não cessaram.
O radicalismo obstrui a paz
Do lado palestino, os radicais islâmicos – grupos Hamas, Hezbollah, Jihad islâmico, Brigada dos Mártires de Al Aqsa, entre outros – opõem-se ao reconhecimento do Estado de Israel; do lado israelense, grupo também radicais rejeitam a formação do Estado Palestino, defendendo até mesmo a expulsão dos palestinos da região e a ocupação da Cisjordânia. Essas posturas têm prejudicado a evolução das negociações e o estabelecimento da paz.
Outro grande impasse entre Israel e a Autoridade Nacional Palestina diz respeito a Jerusalém. Em Jerusalém Oriental vivem cerca de 200 mil palestinos que desejam instalar aí a capital de seu futuro Estado – o que não é aceito por Israel, que considera a cidade pertencente aos judeus. Para agravar a situação, em 2017, o então presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reconheceu Jerusalém como capital de Israel.
Tal iniciativa foi condenada por diversos governos de países do Oriente Médio e da Europa. Considerada unilateral, essa decisão não contribui para a paz, servindo para acirrar a tensão no Oriente Médio e desgastar ainda mais a imagem dos Estados Unidos na região, em razão da invasão do Iraque, em 2003, entre outras ocorrências.
Esse problema, somado às questões de acesso e controle da água por Israel e à construção de assentamentos israelenses na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental nos últimos anos, fato reprovado publicamente por diversos países, torna a questão ainda mais complexa. Além disso, os refugiados palestinos que retornaram para Gaza e Cisjordânia (em 2020, somavam mais de 2,3 milhões) encontram dificuldades relacionadas a habitação, trabalho, hospitais, escolas, entre outras, e estão ainda mais vulneráveis em decorrência dos conflitos na região.
Filme From the River to the Sea
Expedições Geográficas, 9ºANO.